Compositores e Poetas

Parte 1

At. 17, 29

Sendo, portanto, da Raça de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem.

Dentre os Dons que o Senhor derrama em meio a seus Servos, o Dom de escrever um texto, seja ele em forma de “Letra de Canção” ou em forma de “Poesia”, tem a responsabilidade de tratar de forma direta com a sensibilidade espiritual do homem. A função de uma composição pode partir de dois pontos: a “espiritual sensível” e a “espiritual didática.”.

A “espiritual sensível” leva consigo o querigma propriamente dito, ela traz a presença do Espírito Santo realizando um contanto com o interior do ser humano, agindo de forma intensa nas emoções. A “espiritual didática” tem em sua métrica um caminho diferente, ele carrega o padrão da idéia de levar esse contato do Espírito Santo com o interior humano, porém não fica somente em uma experiência emocional, vai além, podendo ofertar de forma direta o conhecimento da palavra ou ainda vir em forma de uma palavra de ciência (algo que acrescente um aprendizado pessoal) e até em forma de profecia.

Muitas vezes nós não damos a importância devida a uma boa composição, sendo que na real situação ela vem de forma direta no processo de evangelização. Coloco como exemplo aquele comentário que todos já devem ter ouvido em seus grupos de oração: “Essa música mudou minha vida!” Ou, “A letra dessa música é a história da minha conversão!”. Sendo assim, seja ela “sensível” ou “didática”, tem o chamado direto a ser a ponte entre Deus e o homem, levando esse contato através de um louvor.

Tecnicamente falando, composição é uma reunião de elementos isolados que, quando unidos, resultam em um todo destacado das partes. Traduzindo: é uma união de idéias que, quando unificada, repassa uma nova idéia esteticamente agradável.

Dentro da nossa realidade, podemos dizer então que composição é a responsabilidade de levar através desses textos, sejam “Letras de Músicas” ou “Poesias” a soma dos ideais católicos e as inspirações vindas diretas do Espírito Santo de Deus, repassando através de palavras tudo àquilo que ressalta , glorifica e engrandece o nome do Senhor.

Por mais que se esforce através de estudos, o escritor não parte simplesmente daquilo que é didático; sua condição exige realmente a necessidade da presença do carisma, ou seja, o dom enviado por Deus. Logicamente que cada tipo de texto leva consigo uma forma diferente de abordar as pessoas, podendo ser de forma mais alegre, mais branda ou ainda na condição de “diferença” (algo que é novo para uma sociedade, porém vem de Deus).

Já me perguntaram: o que faz um texto ser católico, já que existem outros temas semelhantes em outras doutrinas?

Podemos ver dois pontos:

1º O texto que parte de fonte católica.

Muitas vezes poderemos encontrar outras doutrinas falando do amor de Deus, porém aqueles que são de fonte católica, ou seja, partem de escritores católicos, que tiveram em sua formação a Doutrina Católica, falarão uma linguagem mais própria da realidade de nossa vivência.

Podemos citar como exemplo a frase: “Falando da misericórdia infinita do pai.”, da música Misericórdia Infinita de Walmir Alencar e Marcelo Braga. Ela pode ser universal, porém parte de uma fonte católica, pois seus escritores integram essa Doutrina.

2º O texto que exalta a Doutrina Católica.

Particularmente gosto muito desse! Textos que levam em toda a sua construção detalhes que nos remetem diretamente às Sagradas Escrituras, ao Magistério e a Tradições da Igreja.

Podemos citar como exemplo a frase: ”Nós somos a Igreja da cruz, por isso a exaltamos senhor!”, da música Santa Cruz de Juninho Cassimiro, que nos traz o orgulho de ser católico e o orgulho de acreditarmos que através da Santa Cruz o Senhor nos salvou, ou ainda a frase: “Um mendigo do meu Senhor, por isso eu te sigo Peregrino do amor”, da música Peregrino do Amor de Dalvimar Gallo, que eleva o Papa a sua condição de escolhido de Deus. São frases extremamente católicas, que ao serem executadas levam a quem lê uma lembrança automática de nossa Doutrina.

As duas formas de escrever são verdadeiras dádivas do senhor, porém exigem zelo, pois, como tudo na obra a composição, é algo que tem que partir do principio de que será usada na evangelização, sem que perca esse foco.

A melhor maneira de entender o poder de uma composição é analisarmos o livro dos “Salmos” na Bíblia (Palavra de Deus) e tudo que ele realizou através da história. Sabemos que os Salmos são poesias (que é a forma mais apropriada para expressar os sentimentos diante da realidade da vida) cantadas e acompanhadas por instrumentos, e que se consagra como o coração do Antigo Testamento, ou seja: sintetiza a história de um povo em suas experiências de vida. Os Salmos foram tão importantes que é um dos livros mais citados pelos escritores do Novo Testamento, e o próprio Jesus Cristo rezava-os.

Baseado nessa situação, podemos então chegar ao consenso da importância que um texto pode exercer na vida de cada pessoa. A história pode ser contada através de seus textos, retratando um momento de alegria, de adoração, de penitência, mas ele sempre relata seu momento. Os Salmos tiveram esse poder, foram escritos baseados na escuta da palavra de Deus e também naquilo que foi vivenciado.

Assim é a estrutura de um texto Católico: levando a vivência da palavra de Deus pra dentro de suas frases, sendo sensível ou didático o texto necessita conter uma experiência com Deus, uma experiência com o Espírito Santo.

Autor: Ivanildo Ricardo Barreto Viana (Nildo Viana)
Coordenador Estadual do Ministerio de Música e Artes - RCC-PI